quinta-feira, 6 de maio de 2010

O espírito grego

Não se pretende desvalorizar outras civilizações, deixa-se claro, que a cultura grega é citada por ser a cultura que nos legou a filosofia. Antes do nascimento da filosofia, os gregos viam e explicavam o mundo através dos mitos. O mito pode ser definido como uma narrativa de uma criação. Entretanto, o mito está longe de ser uma mera fábula, uma invenção, uma ficção. Na verdade, o mito expressa o mundo e a realidade humana, além de ser sempre uma representação coletiva, ou seja, refere-se à história de um povo.

Os gregos foram os criadores da Tragédia e da Comédia. O teatro era ao ar livre e seus principais dramaturgos foram: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, Aristófanes e o grande Heródoto, considerado como o Pai da História. O espírito grego levou a uma concepção original de homem, sendo revelada na filosofia.

Homero é considerado por muitos historiadores e filósofos como o grande criador, organizador e modelador da cultura grega. A Ilíada e a Odisséia são atribuídas a ele, que se julga ter vivido por volta do século VIII a.C, na Jônia, (lugar que hoje é uma região da Turquia, e constituem os mais antigos documentos literários gregos (e ocidentais) que chegaram à contemporaneidade. Ainda hoje, contudo, se discute a sua autoria, a existência real de Homero e, se essas duas obras teriam sido compostas pela mesma pessoa.

A poesia de Homero possui grande influência no pensamento e na educação dos gregos, preocupando-se com a sua formação ética e espiritual, uma vez que na cultura grega a poesia tem valor das forças estéticas e éticas do homem. As epopéias expressam a visão mítica e poética dos gregos. Elas são marcadas pela presença constante de poderes superiores que interferem na luta entre gregos e troianos (tema da Ilíada) e nas aventuras de Ulisses (tema de Odisséia).

Nesse período, havia uma nítida diferenciação das classes sociais, que eram constituídas pelos aristocráticos e pela massa do povo. Enquanto os primeiros se ocupavam da administração do Estado, os segundos eram responsáveis pelo desempenho de trabalhos inferiores na escala social.

Nas cidades gregas o trabalho escravo sempre esteve presente, desde os tempos homéricos. Os escravos estrangeiros eram adquiridos no mercado ou prisioneiros de guerra. Havia também entre os gregos escravos alugados exercendo funções de porteiros, pedagogos, cozinheiros, sendo que seus donos recebiam o salário. O termo cidadão era apenas para os pertencentes da elite aristocrática. Quanto à educação feminina, praticamente inexistia. As mulheres eram preparadas apenas para as responsabilidades do lar.

O autor citado acima acrescenta que foram os gregos os primeiros a cumprir a missão de aplicar a inteligência a todas as fases da vida, foram eles que primeiro lutaram por viver de acordo com a razão. Eles formularam um conceito do homem, sendo um ser racional. O homem descobria seu valor, seu potencial e a sua personalidade. Tornava-se livre da vontade dos deuses, não mais preso aos dogmas e destinos divinos.

O Estado assume a educação do individuo. A educação espartana adota um caráter militar, o jovem espartano era educado para o ideal patriótico, via no próprio corpo a arma de combate. Sendo assim, ao atingir sete anos, o indivíduo é subordinado ao Estado, até a morte. Dessa prática educativa de Esparta ainda se conservam traços importantes: educação física, musical, letras e literatura.

Ao contrário da sociedade espartana, voltada essencialmente ao preparo do corpo para a guerra, a sociedade ateniense volta-se principalmente para os aspectos intelectuais. É nela que se testemunhou o despertar da razão para as mais importantes reflexões filosóficas e científicas.

Devido ao estabelecimento da democracia no final do século VI a C., Atenas se destaca na Grécia, graças a Péricles, um de seus governantes mais ilustre que governou Atenas por durante 30 anos e foi considerado como símbolo da democracia. Aquela educação, privilégio de um pequeno grupo pertencente à aristocracia grega, é estendida aos demos, colocada ao alcance de toda criança grega. A educação torna-se coletiva. Essa mudança de um ensino individual para um ensino grupal vai exigir uma institucionalização da educação, é aí que surge, então, a escola.

Na qualidade de fundadores da filosofia, os pré-socráticos deram inicio ao discurso da razão que viria dominar o Ocidente. Esta fase que corresponde à época de formação da civilização helênica caracteriza-se pela preocupação com a natureza e o cosmos. Inaugura uma nova mentalidade, baseada na razão e não mais no sobrenatural e na tradição mítica. Os pré – socráticos buscavam algo de permanente, uma dimensão da realidade mais fundamental do que a captada por nossos sentidos, uma dimensão que fosse imutável.

A nova fase com a predominância do interesse pelo homem e suas relações na sociedade foi dominada pelos sofistas. A sofística era mais um modo de educar do que propriamente uma doutrina. Os sofistas eram aqueles expoentes de um movimento filosófico que tinha como tarefa dignificar e valorizar o ser humano.

Eram aqueles que conquistavam o saber através de estudo e da reflexão. Muitas vezes vistos de modo pejorativo, por ser um grupo de professores sábios que por determinado preço vendiam seus ensinamentos. Os sofistas acreditavam que nada era permanente ou absoluto, dessa forma não existe uma verdade objetiva, visto que, nada podemos conhecer com certeza.

Um dos principais representantes são Protágoras, Górgias e Hípias. Prezavam pelo desenvolvimento do espírito critico, e pela capacidade de expressão. Umas das consequências dos sofistas foram à abertura da filosofia a todas as pessoas da pólis.

Sócrates é um dos grandes pensadores que merece ser destacado, ele é responsável pela reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. A preocupação dele era levar as pessoas por meio do autoconhecimento à sabedoria e à prática do bem. Segundo ele, o homem não deveria desperdiçar a vida em busca de riquezas e prestigio. O objetivo humano deveria ser o conhecimento de si mesmo, a autoconsciência despertada e mantida em vigília.

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