terça-feira, 31 de agosto de 2010

Teologia e experiência

O ápice da revelação não é a instrução, mas a comunhão com Deus. Os teólogos interpretam as fontes bíblicas e doutrinárias, e elaboram seus princípios em contextos culturais diferentes. O importante não é ensinar, mas de compartilhar experiências com os outros, sabendo que cada um acrescenta algo na vida do outro.

Além de ter conhecimento teológico, o teólogo deve estar aberto para conhecer e aprofundar no mistério, que se revela a todos, desde os mais sábios, até as pessoas simples sem nenhuma formação acadêmica.

Os verdadeiros teólogos devem levar em conta a vida comum das pessoas. Como pode o teólogo criar um discurso fora da realidade de seu povo? A vida comum das pessoas pode iluminar as reflexões teológicas do teólogo. O teólogo não pode estar separado, isolado dos outros.

O discurso teológico deve auxiliar para que as pessoas possam fazer um encontro pessoal com Deus: sentir Deus presente em sua vida, olhar o mundo, as situações da vida com olhar de Deus. O discurso não é apenas mais uma teoria, mas gera uma ação concreta. Porém, o teólogo deve ter uma sensibilidade para reconhecer a experiência de vida de cada um, para compartilhar seu saber teológico com as experiências dos outros.

Diante disso, é necessário saber respeitar as diferenças, para criar um diálogo com o diferente. Neste sentido, o teólogo além de ter um profundo conhecimento dos temas teológicos deve ter humildade para reconhecer, valorizar, respeitar as diferenças.A teologia é para a vida. As interpretações teológicas devem ser válidas para guiar a vida humana de acordo com os valores dados por Deus.

O primeiro destinatário das propostas teológicas do teólogo deve ser sua própria comunidade, onde está inserido, contribuindo para a melhor comunicação da mensagem cristã. O teólogo é chamado a experimentar Deus em sua vida e na vida dos outros, e principalmente despertar aos outros a fazerem experiência do amor de Deus.

Deus não é apenas uma ideia, um conceito filosófico – teológico, mas é uma Pessoa, com o qual estabelecemos um diálogo.



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

o sentido da missa


Nós cristãos constituímos a família de Deus, povo sacerdotal unidos pelo amor de Cristo, que se reúne para celebrar a Santa Missa.

A missa é a oração mais perfeita e completa que o cristão pode fazer: glorificamos o nome Santo do Senhor, agradecemos pelas maravilhas realizadas em nossa vida, reconhecemos nossas limitações.

Jesus é o centro da liturgia. Neste sentido, a liturgia é a ação de Cristo e da Igreja. A liturgia é o mistério pascal de Cristo. Celebramos Jesus ressuscitado, vivo, atuante, presente em nossa vida e na Igreja.

A missa é o diálogo do padre com Deus, e também do diálogo do povo com Deus. A missa não é o diálogo do padre com o povo, e nem do diálogo do povo com o padre. Por isso, as orações são dirigidas diretamente a Deus. Deus comunica sua Palavra e espera a resposta de cada cristão. Durante a celebração eucarística é momento especial e oportuno para correspondermos ao Senhor, num diálogo de amor. Tudo se dirige a Deus. Todas as orações que o padre faz se dirigem a Jesus.

A missa não é um ritual mágico, supersticioso. Muitos vão à missa com interesse de receber curas, milagres e prodígios. A missa tem valor existencial, deve nos provocar a ter uma prática de vida eucarística, com testemunho pessoal.

A Eucaristia nos desperta para a dimensão comunitária, comunhão fraterna e eclesial. A paróquia torna-se uma comunidade eucarística, onde todos os cristãos reunidos em assembléia se alimentam de Jesus eucarístico. Os cristãos são pessoas eucarísticas, à medida que comunga o Cristo, e são chamados a terem uma prática eucarística, uma vida eucarística no seu dia a dia. Deste modo, a participação na ceia do senhor, é uma antecipação do banquete escatológico.

Durante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar, ou seja, é no altar que ocorre o mistério eucarístico. O presidente da celebração ao chegar beija o altar, que representa Cristo, em sinal de carinho e reverência por tão sublime lugar.

Cristo está presente na Palavra proclamada. É o próprio Cristo que fala através do leitor. Por isto no final da leitura proclamada o leitor diz: Palavra do Senhor! E quando o padre termina de proclamar o evangelho diz: Palavra da Salvação. A palavra proclamada não é do leitor, nem do padre, mas é de Deus.

Na liturgia eucarística atingimos o ponto alto da celebração. Durante ela a Igreja irá tornar presente o sacrifício que Cristo fez para nossa salvação. Não se trata de outro sacrifício, mas sim de trazer à nossa realidade a salvação que Deus nos deu. Durante esta parte a Igreja eleva ao Pai, por Cristo, sua oferta e Cristo dá-se como oferta por nós ao Pai, trazendo-nos graças e bênçãos para nossas vidas.

“A oração eucarística é o centro e ápice de toda celebração, é prece de ação de graças e santificação. O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração e na ação de graças e o associa à prece que dirige a Deus Pai por Jesus Cristo em nome de toda comunidade. O sentido desta oração é que toda a assembléia se una com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício” (IGMR 54).

Todas as atividades pastorais da Igreja nascem da Liturgia. Somos fortalecidos e alimentados pelo próprio Jesus.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

liberdade, onde estás?

O homem precisa ter um conceito claro para si mesmo sobre o que significa a liberdade. A liberdade é uma busca constante de si mesmo, sendo entendida como capacidade de escolha e ação possibilita o indivíduo a ser ele mesmo e a ter dignidade, a ser tratado como fim em si, nunca como se fosse um objeto.

A primeira vista, liberdade é poder escolher o melhor para si, perante um amplo campo de opções. Mas seu segredo está em que cada pessoa escolha o melhor para si, como melhor forma de realização humana.

Cabe ao próprio homem determinar-se a si mesmo, libertando de todas as coações externas, das manipulações, alienações, que impedem o uso da razão e consequentemente da liberdade. O conceito de liberdade não é simplesmente ausência de todo condicionamento, não é, portanto a possibilidade de poder fazer o que se quer, como se quer, quando se quer, isso seria libertinagem, desordem.

Embora façamos uso de nossa razão, e escolhemos em liberdade, não somos independentes, pois exercemos nossa liberdade no meio de valores e poderes que não temos escolhido, mas a que estamos unidos. Antes de escolhermos viver, temos sido escolhidos dentro da existência, e somos determinados a amar a vida como um valor. Não escolhemos a existência humana, mas fomos eleitos membros da humanidade. Não optamos a sermos seres racionais e sociais, nem escolhemos a nossa cultura.

Há sempre uma escolha precedendo a nossa, e vivemos na dependência dela ao fazermos as nossas escolhas menores. Tomamos nossas livres escolhas não apenas em tal dependência, que estão além de nossas escolhas, mas também na dependência de consequências que escapam de nosso poder. Nós escolhemos e nos sujeitamos as muitas escolhas que não são nossas. Além dos condicionamentos psicológicos, culturais, sociológicos que interferem na formação da nossa personalidade.

Diante disso, a nossa liberdade é relativa, pois ao fazermos escolhas temos que olhar a realidade, o espaço, o tempo, e a consequência de nossos atos.

o amor de Deus pela humanidade

A Santíssima Trindade é o fundamento de nossa vivencia interpessoal e comunitária, constitui modelo de vida em comunidade e de relações humanas. A encarnação é o caminho que a Trindade escolheu para chegar à humanidade e fazer historia conosco, onde se dá a conhecer, revela um Deus próximo e pessoal, atuante na história, que não abandona a sua criação.

A criação é um ato amoroso de Deus, por amor, Deus nos fez. A encarnação é fruto do amor de Deus pela humanidade. Deus se faz humano em Jesus.

Em Jesus contemplamos o encontro entre humanidade e divindade, que não se contrapõem, nem se eliminam reciprocamente. Muitos pretendem separar Deus da humanidade, como também se pretende separar a humanidade de Deus. Em Jesus, se realiza a plena comunhão de Deus com o homem e do homem com Deus.

O fato de Deus se tornar humano, não anula, nem diminui o que é humano e histórico, Deus penetra e assume o ser humano dentro da existência humana.

Uma das dimensões fundamentais da existência humana é a sua relacionalidade, não apenas vivemos, existimos, mas convivemos. A vida humana se faz, se realiza e acontece num eixo de relações. A comunidade é um meio de encontro interpessoal com o outro, cria laços afetivos e fraternos.

Ao longo de sua vida, Jesus se revela um Deus próximo, afetivo. Essa proximidade de Deus transparece nas palavras, gestos e atitudes de seu Filho.

Uma das características de Jesus é a sua relação com as pessoas: não exclui ninguém, dialoga com todos. Valoriza cada pessoa, respeitando como ela é, dedica especial atenção aos pobres, excluídos, acolhendo-os como expressão do amor de Deus.

Por meio da encarnação Deus está ativamente em sintonia, em comunhão com os homens. A manifestação do ser de Deus, de sua natureza e presença se dá num mundo acessível à experiência humana.

Jesus se revela sendo uma pessoa que acolhe e integra a relacionalidade como dimensão intrínseca da condição humana. Embora sendo filho de Deus, não se faz diferente de outros humanos.

A manifestação de Deus acontece entre os homens, Deus se faz homem em Jesus, experimenta a vida humana. Jesus é a plenitude da união do humano com o divino. Jesus representa o homem diante de Deus, Jesus é a representação humana diante do Pai. Neste sentido, Deus se fez realidade plena em Jesus.

A natureza humana de Jesus se conhece pela sua prática, sua vida, os testemunhos dos apóstolos, sua inserção na historia. Só temos um caminho para conhecer a natureza divina, ou seja, saber como é Deus: por meio de Jesus é que conhecemos quem é e como é Deus (Jo, 14, 5-9).

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