quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A complexa imagem do profeta bíblico


Neste trabalho propus questionar a figura do profeta bíblico, suas propostas e desafios, relacionando com a minha compreensão que tinha (ou foi transmitida). A figura do profeta baseia na defesa dos direitos humanos e na vontade de Deus. Etimologicamente a palavra significa aquele que fala em nome de outro. Neste sentido, o profeta é aquele que fala, proclama, ou seja, é o porta-voz de Deus. Para interpretar a missão do profeta é necessário refletir sobre sua origem, a cultura de sua época, os fatos marcantes e o ambiente onde foi educado.

A imagem do profeta bíblico é muitas vezes compreendida sendo negativa. Alguns pensam que ser profeta é ser vidente, um adivinho das coisas sobrenaturais. Outros pensam que os profetas nos mostram o véu do outro do mundo, de um reino escatológico, fora da nossa realidade.

Unido a Deus, o profeta vive ao mesmo tempo, unido ao seu povo. Não é alguém que está fora da realidade de seu povo, pelo contrário, o profeta é um homem ativamente inserido na realidade de seu povo. É um homem que sempre percebe ação de Deus na sua vida e na história de seu povo.

Diante disso, muitos podem tem uma interpretação de que a missão do profeta é de predizer o futuro, de falar sobre a eternidade e imortalidade, ou seja, muito preocupado com o reino escatológico de Deus.

Na verdade a missão do profeta é justamente de construir o reino de Deus na história. A preocupação geral do profeta é a realização do plano de Deus no mundo, se baseando, na maioria das vezes, na Torá. A pregação dele é de orientar o povo na fidelidade assumida na aliança com Adonai.

Na origem do profetismo, ele surge não do lado do poder, da instituição, da ciência, do racional, do sistema. Surge mais do lado da popular, do oráculo, da oração, da mística.

Eram muitos preocupados em resolver os problemas de seu povo, sempre iluminadas pela Palavra de Deus. Os reis geralmente procuravam apoio destes grupos, pois, na maioria das vezes os reis, pretendiam exercer o poder em nome de Deus.

O apoio dos profetas significava o apoio de Deus, era a confirmação divina do poder humano. Assim no começo da história do povo da Bíblia, todas as mudanças no poder tiveram o apoio de um profeta, não é de se admirar que isso aconteça ainda hoje, pois os políticos sempre fazem isto.

Outro ponto a destacar é que os verdadeiros profetas fazem uma experiência profunda de amizade com Deus. O profeta experimenta a presença de Deus, no meio do povo e esta experiência de Deus é a fonte de liberdade diante dos poderosos.

Essa experiência de Deus é sempre uma experiência do Deus que libertou o povo do Egito: Deus libertador, misericordioso, da Aliança. É um Deus que caminha e participa da história de seu povo.

Ao mesmo tempo o profeta está ligado diretamente com a realidade do povo, exige a observância dos compromissos assumidos de ser o povo de Deus, por isso, está sempre pedindo fidelidade. A denúncia das injustiças, era ao mesmo tempo, anúncio do amor de Deus e apelo à conversão.

O profeta luta para que a vida do povo seja de acordo com o projeto da Aliança. Não manifesta medo para profetizar, exige dos governantes atitudes e comportamento de acordo com o projeto de Deus. Desperta a consciência de ser povo de Deus, da prática do amor e da justiça.

A leitura profética da história tem como finalidade ajudar-nos hoje a ler a nossa história com olhar de um profeta. Um homem que tem uma profunda relação com Deus, e ao mesmo tempo, está integralmente ligado na vida de seu povo. Ser profeta hoje é permanecer fiel no amor de Deus e ao amor com os irmãos.

Há muitos sinais desta presença profética tanto na Igreja como fora dela. Não se pode separar o profeta do relacionamento com a comunidade, com a realidade de seu povo. Ser profeta é buscar realizar o reino de Deus na história.

O Deus que nós cristãos cremos, não é um Deus que está distante de nós, mas de um Deus que age, participa, caminha conosco. Deus estabelece livremente um diálogo com a humanidade.

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