quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sartre foi um homem coerente com o seu pensamento, e o maior expoente da filosofia no século XX. Uma de suas obras mais conhecidas é o Existencialismo é um Humanismo. Defende das críticas que são dirigidas contra seu pensamento. Sartre afirma que o existencialismo é uma posição filosófica que torna possível dar sentido a vida humana.

O existencialismo declara que a existência precede a essência. Esta tese ontológica parte da subjetividade para entender a existência humana. Para Sartre, o homem primeiranente existe, descobre-se, surge no mundo e só depois se defini. Seu primeiro ponto de partida é de analisar o homem na situação em que ele se encontra, e de atribuir-lhe a total responsabilidade. Ao construir a nossa imagem, esta imagem será válida para todos, pois escolhendo-me escolho a humanidade inteira.

A inexistência de Deus é um pressuposto para a liberdade. O homem não encontra nem em si, nem fora de si, realidade alguma que o sustente. Se Deus não existe, não podemos encontrar fora de nós, valores ou imposições que nos legitimam o comportamento. Dessa forma, a liberdade pode ser considerada sendo um projeto, tarefa, que já não tem essência para defini-lo. O homem deve fazer-se, criar-se. Sendo, portanto, projeto, a consciência se lança para o futuro. O homem se afasta do seu passado, do determinismo. Ao projetar-se para o futuro. Veja bem:

Dostoievski escreveu: “Se Deus não existisse, tudo seria permitido”. Aí se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem, abandonado, já que não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de tudo, não há desculpas para ele. Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Se por outro lado, Deus não existe, não encontramos diante de nós, valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado por que não se criou a si próprio; e, no entanto, livre por que uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer. (SARTRE, 1973, p. 15-16)

O homem é para Sartre liberdade em seu próprio ser. Quando Sartre define a realidade humana o para-si, através das fórmulas que apresenta está definindo a própria liberdade. A liberdade não é algo que temos, mas que somos. A liberdade humana precede a essência do homem e a torna possível, a essência do ser se acha suspensa em sua própria liberdade. O conceito de liberdade não está separado da realidade humana.

Neste sentido, o debate da questão se o homem é ou não livre, não tem necessidade, pois, ele só pode ser enquanto livre. A liberdade é própria realidade humana, enquanto se faz a si mesma liberdade. A liberdade em Sartre, não é querer tudo, mas, sobretudo corresponde com a responsabilidade. Quanto mais livre, mais responsável o homem tem que ser. A possibilidade de escolha requer do homem a responsabilidade perante as consequências dos atos praticados.

Se o homem é livre, um projeto de si mesmo, autor de seu destino, ele é inteiramente responsável pelo seu destino. Sartre afirma que não há moral que oriente o comportamento humano: nem divina, jurídica, que lhe possa indicar a escolha individual, o caminho a seguir. Para Sartre, o homem tem que seguir a si próprio, ele se torna sua lei e sua moral, ou seja, cada indivíduo cria sua própria moral.

Sendo o homem livre, não pode ter fim a não ser sua liberdade. Sartre coloca a liberdade como fim de toda liberdade. Porém o homem nunca é fim, está sempre por se fazer, projetando-se fora de si mesmo, construindo-se, realizando-se no mundo. A prática da liberdade individual não deve atrapalhar e prejudicar a liberdade de outrem. Segundo Sartre ninguém pode querer sua liberdade sem querer a de outros. A consequencia principal do ateísmo em Sartre é a concepção do homem como liberdade total, absoluta e gratuita, projeta de si mesmo, artífice de seu destino. Isto vai influenciar a negação de toda moral. É o próprio homem sendo responsável pela sua história e pelo mundo.

O espírito grego

Não se pretende desvalorizar outras civilizações, deixa-se claro, que a cultura grega é citada por ser a cultura que nos legou a filosofia. Antes do nascimento da filosofia, os gregos viam e explicavam o mundo através dos mitos. O mito pode ser definido como uma narrativa de uma criação. Entretanto, o mito está longe de ser uma mera fábula, uma invenção, uma ficção. Na verdade, o mito expressa o mundo e a realidade humana, além de ser sempre uma representação coletiva, ou seja, refere-se à história de um povo.

Os gregos foram os criadores da Tragédia e da Comédia. O teatro era ao ar livre e seus principais dramaturgos foram: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, Aristófanes e o grande Heródoto, considerado como o Pai da História. O espírito grego levou a uma concepção original de homem, sendo revelada na filosofia.

Homero é considerado por muitos historiadores e filósofos como o grande criador, organizador e modelador da cultura grega. A Ilíada e a Odisséia são atribuídas a ele, que se julga ter vivido por volta do século VIII a.C, na Jônia, (lugar que hoje é uma região da Turquia, e constituem os mais antigos documentos literários gregos (e ocidentais) que chegaram à contemporaneidade. Ainda hoje, contudo, se discute a sua autoria, a existência real de Homero e, se essas duas obras teriam sido compostas pela mesma pessoa.

A poesia de Homero possui grande influência no pensamento e na educação dos gregos, preocupando-se com a sua formação ética e espiritual, uma vez que na cultura grega a poesia tem valor das forças estéticas e éticas do homem. As epopéias expressam a visão mítica e poética dos gregos. Elas são marcadas pela presença constante de poderes superiores que interferem na luta entre gregos e troianos (tema da Ilíada) e nas aventuras de Ulisses (tema de Odisséia).

Nesse período, havia uma nítida diferenciação das classes sociais, que eram constituídas pelos aristocráticos e pela massa do povo. Enquanto os primeiros se ocupavam da administração do Estado, os segundos eram responsáveis pelo desempenho de trabalhos inferiores na escala social.

Nas cidades gregas o trabalho escravo sempre esteve presente, desde os tempos homéricos. Os escravos estrangeiros eram adquiridos no mercado ou prisioneiros de guerra. Havia também entre os gregos escravos alugados exercendo funções de porteiros, pedagogos, cozinheiros, sendo que seus donos recebiam o salário. O termo cidadão era apenas para os pertencentes da elite aristocrática. Quanto à educação feminina, praticamente inexistia. As mulheres eram preparadas apenas para as responsabilidades do lar.

O autor citado acima acrescenta que foram os gregos os primeiros a cumprir a missão de aplicar a inteligência a todas as fases da vida, foram eles que primeiro lutaram por viver de acordo com a razão. Eles formularam um conceito do homem, sendo um ser racional. O homem descobria seu valor, seu potencial e a sua personalidade. Tornava-se livre da vontade dos deuses, não mais preso aos dogmas e destinos divinos.

O Estado assume a educação do individuo. A educação espartana adota um caráter militar, o jovem espartano era educado para o ideal patriótico, via no próprio corpo a arma de combate. Sendo assim, ao atingir sete anos, o indivíduo é subordinado ao Estado, até a morte. Dessa prática educativa de Esparta ainda se conservam traços importantes: educação física, musical, letras e literatura.

Ao contrário da sociedade espartana, voltada essencialmente ao preparo do corpo para a guerra, a sociedade ateniense volta-se principalmente para os aspectos intelectuais. É nela que se testemunhou o despertar da razão para as mais importantes reflexões filosóficas e científicas.

Devido ao estabelecimento da democracia no final do século VI a C., Atenas se destaca na Grécia, graças a Péricles, um de seus governantes mais ilustre que governou Atenas por durante 30 anos e foi considerado como símbolo da democracia. Aquela educação, privilégio de um pequeno grupo pertencente à aristocracia grega, é estendida aos demos, colocada ao alcance de toda criança grega. A educação torna-se coletiva. Essa mudança de um ensino individual para um ensino grupal vai exigir uma institucionalização da educação, é aí que surge, então, a escola.

Na qualidade de fundadores da filosofia, os pré-socráticos deram inicio ao discurso da razão que viria dominar o Ocidente. Esta fase que corresponde à época de formação da civilização helênica caracteriza-se pela preocupação com a natureza e o cosmos. Inaugura uma nova mentalidade, baseada na razão e não mais no sobrenatural e na tradição mítica. Os pré – socráticos buscavam algo de permanente, uma dimensão da realidade mais fundamental do que a captada por nossos sentidos, uma dimensão que fosse imutável.

A nova fase com a predominância do interesse pelo homem e suas relações na sociedade foi dominada pelos sofistas. A sofística era mais um modo de educar do que propriamente uma doutrina. Os sofistas eram aqueles expoentes de um movimento filosófico que tinha como tarefa dignificar e valorizar o ser humano.

Eram aqueles que conquistavam o saber através de estudo e da reflexão. Muitas vezes vistos de modo pejorativo, por ser um grupo de professores sábios que por determinado preço vendiam seus ensinamentos. Os sofistas acreditavam que nada era permanente ou absoluto, dessa forma não existe uma verdade objetiva, visto que, nada podemos conhecer com certeza.

Um dos principais representantes são Protágoras, Górgias e Hípias. Prezavam pelo desenvolvimento do espírito critico, e pela capacidade de expressão. Umas das consequências dos sofistas foram à abertura da filosofia a todas as pessoas da pólis.

Sócrates é um dos grandes pensadores que merece ser destacado, ele é responsável pela reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. A preocupação dele era levar as pessoas por meio do autoconhecimento à sabedoria e à prática do bem. Segundo ele, o homem não deveria desperdiçar a vida em busca de riquezas e prestigio. O objetivo humano deveria ser o conhecimento de si mesmo, a autoconsciência despertada e mantida em vigília.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Resumo da monografia do curso de Filosofia concluído em 2009

Este trabalho monográfico faz uma apreciação sobre a proposta educacional, abordando a concepção de educação nos escritos de Sobre a Pedagogia e Fundamentação da Metafísica dos Costumes, ressaltando e focalizando a liberdade na formação humana. Este estudo tem por objetivo analisar a finalidade da educação na formação do caráter. A liberdade é posta em primeiro lugar, visto que ela é uma faculdade que possibilita o indivíduo a fazer uso de sua razão, de sua autonomia, ou seja, ser ele mesmo, não sendo alienado, manipulado por outrem. Kant formula o ideal de humanidade, o qual é o norteador de toda ação humana. É tarefa da educação seguir o ideal de homem: íntegro, coerente, moral, livre e responsável, almejando uma sociedade onde reina a paz perpétua. À luz do pensamento kantiano por meio de pesquisa bibliográfica e pelo método analítico-dedutivo foi elaborado este trabalho com reflexões e questionamentos de seu legado filosófico. A liberdade é considerada em Kant como autodeterminação. É o próprio homem capaz de determinar a si mesmo, pensar por si próprio. Dessa forma sendo responsável pela consequência de seus atos, de sua história e do mundo. Ser livre consiste em agir de modo responsável. O direito ao exercício da liberdade é uma requisição inerente da dignidade humana, sobretudo, quando se trata em questões morais e religiosas. Porém, esse exercício não implica o direito de dizer e fazer tudo. Os atos humanos uma vez livremente escolhidos são por sua vez qualificados moralmente sendo bons ou maus. Daí a necessidade de refletir como o ser humano faz uso de sua liberdade para o bem ou para o mau. Pretende-se, portanto apresentar a importância da liberdade (além de conceitos) na praticidade da formação humana.

PALAVRAS-CHAVE: Liberdade, Kant, educação, responsabilidade

Teologia e vida


Geralmente os teólogos fazem parte de alguma instituição religiosa ou acadêmica. Dessa forma, podem discutir temas teológicos com seus colegas. A teologia não está isolada da comunidade eclesial, assim também o teólogo deve participar ativamente da vida eclesial, buscando colocar a teoria na prática, fazendo interação da fé com a vida.

A teologia não é apenas uma reflexão crítica sobre as questões teológicas, vai além disso, pois auxilia na compreensão da prática das devoções populares.

Quando a pessoa dá sentido para sua fé, percebe-se que sua fé tem uma ligação com a vida: coerência e testemunho. De fato, o sentido da fé transforma o agir humano, porém é necessário sempre renova-lo buscando nas fontes catequéticas, litúrgicas e sacramentais.

Cada comunidade eclesial desperta alguns movimentos particulares de devoção popular. São Francisco de Assis deixou para a Igreja um novo modo de ser igreja, que até hoje, há muitos que seguem seu modo de viver o evangelho de Jesus. Isso acontece também em nossos dias, movimentos que tem seu próprio modo de ser igreja.

O teólogo deve levar em conta as diferentes cristologias e os diferentes modos de ser igreja, até os teólogos protestantes que estão fora da comunhão católica, pois podem beneficiar a doutrina católica com suas reflexões teológicas.

A prática do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, atualmente podem auxiliar na compreensão dos conflitos doutrinários que impedem a comunhão entre as igrejas.

Os destinatários das propostas dos teólogos devem ser a sua comunidade eclesial que faz parte, a partir da experiência de vida cristã de seus paroquianos, enriquecendo os trabalhos pastorais e seu próprio crescimento. O teólogo deve estar sempre atento aos elementos da tradição eclesial, em outras igrejas do mundo, pois poderá complementar frutuosamente o trabalho pastoral de sua comunidade.

O papel das instituições na formação humana

Kant, analisando a problemática da educação, estabelece a tarefa da família, escola, Estado e religião na formação humana.

Uma geração pode destruir tudo o que outra teria construído (Kant, 2006, p. 12). Dessa forma a família cumpre um papel importante. Os pais são exemplos pelos quais os filhos se regulam. Uma boa educação é justamente a fonte de todo bem neste mundo. Tudo depende da educação. O ideal de educação a ser realizado, depende de um planejamento, preparação e uma boa formação. A família auxilia na formação do caráter e da personalidade.

Muitos pais educam seus filhos somente para o mundo presente. É fundamental que a humanidade caminhe para o aperfeiçoamento (bem supremo). Por isso, é interessante que os pais se preocupem que os filhos sejam pessoas boas no mundo. Neste sentido a educação deve durar até o momento em que à natureza própria do indivíduo determinar que ele governe a si mesmo. Para se tornar independente, o indivíduo deve determinar-se a si mesmo. Sapere aude.

Os pais devem oferecer liberdade aos seus filhos desde crianças e ensinar-lhes a fazer bom uso dela. As educam para que sejam livres, dispensando os cuidados de outrem. Sendo assim, nunca serão alienados, influenciados por outros.

Em Sobre a Pedagogia, Kant faz uma advertência para que a criança cresça respeitando a lei do outro, reconhecendo seus limites, seu espaço e suas responsabilidades como cidadão do mundo. Não devem acostumar os bebês a ter seus caprichos satisfeitos, pois, mais tarde é difícil dobrá-los, ou seja, educá-los, pois não conhecem a ideia de costumes e deveres. A disciplina não trate as crianças como escravas, faça sempre que sintam sua liberdade, de modo que não ofendam a dos demais. Outro ponto a ressaltar na vida da criança é o lúdico. É bom que o homem exercite suas habilidades, seus dons, seus talentos, sua motivação, seu desejo, por meio da diversão. O trabalho tem uma finalidade, no divertimento não há finalidade, serve para cultivar o espírito, o bom humor e a alegria de viver. Os pais não devem dobrar-se à vontade das crianças, mas dirigi-las. Orientá-las para que se formem a si próprias, elaborando seus próprios conceitos, examinando sua conduta. Prejudica o crescimento moral quando se pretende que as crianças façam sempre a vontade de outrem.

Kant fala claramente sobre o papel do Estado na sociedade, na história e na vida pessoal dos cidadãos. Em Sobre a Pedagogia, faz apenas uma síntese da tarefa do Estado na formação humana. O ideal de política é aquele em que todo o cidadão exerce plenamente a sua liberdade, a verdadeira democracia. Uma república perfeita, governada conforme leis de justiça.

O projeto educativo deve servir de modo cosmopolita, para todos os cidadãos. Uma lei deve servir para todos. Eis o fundamento do imperativo categórico. Muitos governantes consideram seu povo como reinos animais, usam os súditos como instrumento de dominação. A arte de governar para todos exige que a política esteja ligada à ética e a moral. O direito do homem deve ser considerado como sagrado, por maiores que sejam os sacrifícios que custem ao poder dominante (Kant, 2008, p, 91).

Kant, em Sobre a Pedagogia, estabelece uma proposta de educação intelectual (cultura da alma), baseado na autonomia, no uso da razão. A educação intelectual conforme encontramos não é apenas uma acumulação de conhecimentos, mas uma formação que leva o homem a progredir em direção ao desenvolvimento de sua capacidade de pensar autonomamente.

Analisando o sistema da educação, ela deverá ter um ideal norteador cuja ação se exercerá em prol da realização desse ideal. A direção das escolas precisa de pessoas competentes e ilustradas que se interessem e se preocupem com o bem da sociedade. Cabe a eles, nesse caso de projetar um futuro melhor, conceber um estado melhor, uma nação onde reine a paz perpétua.

A partir de então, a tarefa da educação intelectual caberá, portanto, a instrução do indivíduo a ser disciplinado, de sempre impedir que a animalidade prejudique o caráter humano, tanto no indivíduo como na a sociedade. O segundo passo é ser culto. Educar para aprender a ler (muitos leem, mas não entendem, porque não refletem). O terceiro passo é a instrução da prudência, formar pessoas para ter sua posição, opinião própria. O quarto passo é a instrução para a moral, para escolher os bons caminhos, enfim a liberdade.

A razão faz conhecer os próprios princípios, refletir sobre as causas, defeitos e consequências. Deve-se por em prática a regra que se aprendeu. O melhor modo de compreender e entender é fazer. Disso resulta na união entre reflexão e prática (razão e experiência) para obter o conhecimento.

Kant afirma que é fundamental cultivar a razão, fazer conhecer seus princípios e valores. Dessa forma, buscar por si mesmo os conhecimentos. Os mestres na escola, não devem ter preferência a um aluno em relação a outros. Devem tratá-los com igualdade, uma lei geral válida para todos. Quando uma criança observa que os outros não estão submetidos à mesma lei, torna-se rebelde. Neste sentido, professor e aluno somarão experiências. A criança deve estimar-se pelos conceitos da própria razão, formando conceitos em si mesmo, julgando por si mesmo.

A formação religiosa também deve garantir a liberdade pessoal. “Deus quer que pratiquemos aquilo que é bom”.A partir dessa declaração kantiana compreende-se que a educação religiosa deve proporcionar ao homem, o caminho do amor, justiça.

Os conceitos religiosos devem ser ensinados à criança, entretanto, sem se recorrer ao ensino da teologia. O homem deve servir a Deus por prazer, não por obrigação. Neste sentido, nota-se o exercício da liberdade frente à religião. Kant analisa as questões religiosas em Religião nos Limites da Simples Razão. Ele converte a igreja em estado ético. A religião é puramente ligada à moral. Deus está na esfera da razão prática. Em todas as religiões há o princípio do bem e do mal, sendo este um ato livre e responsável do homem a partir de sua escolha. Deus não interfere na escolha e na vida humana. Cristo, o mestre do amor, preocupou-se com a esfera da ética, da praticidade da vida, da conduta humana, seus ensinamentos estão presentes no Santo Evangelho. Cristo cumpriu a perfeição moral, a qual todos os humanos estão destinados.

A única e verdadeira religião é a moral. Seu culto é cumprir o dever moral como mandamento de Deus. É falso culto, tudo o que os homens fazem para agradar a Deus (novenas, peregrinações etc.). Toda educação religiosa deve tomar cuidados para não transformar as crianças em homens preconceituosos.

O homem é sempre responsável pela sua escolha, portanto não existe nele a natureza do bem e do mal. Há no homem uma tendência, disposição tanto para o bem como para o mal. A religião é uma moral aplicada ao conhecimento de Deus. Cânticos, preces, promessas, jejuns, romarias e até mesmo frequentar igrejas, devem servir para o indivíduo como um caminho para o bem, o amor. A lei considerada nos homens chama-se consciência. A consciência é, de fato, o julgamento das nossas ações. A religião quando não for acompanhada da consciência moral é falso culto. O verdadeiro modo de louvar a Deus consiste no agir moralmente.

A definição de Kant sobre o Iluminismo

Kant elabora uma obra, onde faz reflexões acerca do Iluminismo cujo título é Resposta á pergunta: o que é esclarecimento? Neste sentido, trata-se, não de uma corrente filosófica em particular, mas de um processo que a razão humana desencadeia por si mesma. É o próprio Kant que afirma:

Esclarecimento (Aufklãrung) é a saída do homem, sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é próprio culpado dessa menoridade se as causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta ou decisão e coragem de servir-se de si mesmo, sem a direção de outrem. Sapere aude Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento (Kant, 2008, p.63).

Nota-se a partir da citação anterior que, em Kant, o esclarecimento significava mais que conhecer simplesmente acima de tudo, mas a realização de sua filosofia prática que busca moralização da ação humana por meio de um processo racional. O lema Sapere Aude, referia-se a razão em seu sentido mais amplo, não exclusivamente razão científica.

O processo de esclarecimento dizia respeito principalmente ao mundo prático humano e não apenas ao teórico. Por isso, implicava na superação da menoridade, requeria a decisão e a coragem de servir-se de sua própria razão para pensar por conta própria e guiar-se sem a direção de outro indivíduo. O homem seria culpado pela própria menoridade se a causa dela não fosse à falta de entendimento e sim, a falta de coragem, a preguiça, a covardia.

Havia no texto uma recusa ao conformismo, um clamor para que o homem abandonasse sua cômoda situação de menor e tivesse coragem de responsabilizar-se por sua própria história, o que era condição para o esclarecimento e para a menoridade. A menoridade representava um estado de heteronomia já que era a incapacidade de fazer uso de sua própria razão. Kant alertava que era difícil para o homem largar-se da menoridade quando ela se tornava para ele quase uma natureza. Mesmo assim, para que isso ocorresse nada mais se exigia a não ser a liberdade de fazer uso público da razão em todas as questões.

Kant chegou a perguntar se sua época era esclarecida, ao que responde negativamente, indicando que era uma época de esclarecimento. Assim definiu o Iluminismo de uma forma como vir-a-ser e não como estágio definitivo a ser atingido. Um vir-a-ser que desafiava o homem a pensar por conta própria, sem apego as ideologias, dogmas e ilusões.

O Iluminismo e a Religião

Neste século das luzes percebe-se a ausência da Igreja Católica em questões urgentes. Nota-se um pontificado atrasado em clima da pior corrupção existente no tempo da modernidade: nepotismo e decadência moral. Durante o período medieval os homens viviam mergulhados num mundo estritamente religioso. Suas atenções voltadas para o céu traziam o desinteresse pelos fatos da terra.

As ideias religiosas da Idade Média se baseavam em uma séria de dogmas ditados pela Igreja. Esses dogmas eram tidos como verdades incontestáveis. Todo aquele que ousasse opor-se era submetido a severas punições por parte das autoridades religiosas. Todas as ideias inovadoras eram repudiadas, caso contrariassem direta ou indiretamente a esses dogmas. Tudo era explicado como manifestação da vontade de Deus. Houve outras correntes dentro da igreja que solaparam a unidade eclesial. O galicanismo, por exemplo, no qual reis e soberanos não estavam submetidos ao poder eclesiástico e também a questão da regalia, ou seja, a intervenção dos governos na administração da Igreja como a nomeação de bispos e superiores. O jansenismo, tendo como fundamento as questões teológicas buscava um cristianismo austero e fervoroso e defendia uma liturgia acessível ao povo. Além de outras, como o josefismo, que exerceram influência no campo da política.

Outro fato de extrema importância é a Enciclopédia, de 1751, que os iluministas tentaram usar como arma contra a religião, tendo a frente Diderot e D’Alembert, que pretendiam aniquilar a Igreja. Foi provavelmente neste século, nascera a Maçonaria. A primeira Loja foi fundada na Inglaterra em 1717, exigia e defendia direito público, religião natural, liberdade de religião e imprensa, separação entre Igreja e Estado e o ensino geral para o povo. A partir daí os maçons passaram a exercer influências no meio social e político que ajudaram nas mudanças sociais nos séculos posteriores.

A Igreja nesse período não conseguia se sintonizar com o pensamento iluminista, muitos expressavam uma completa descristianização da Europa. O ceticismo, o ateísmo explícito, secularização da cultura e o antidogmatismo foram fatores essenciais que marcaram o Iluminismo.

Coerência de vida

Acredito que, o papel da religião é de orientar o fiel a pratica do amor, ao caminho do bem. A religião não deve, forçar e obrigar ninguém a seguir seus preceitos.

Visto disso, penso que a função do sacerdote, é essencial. O sacerdote deve conhecer a si mesmo, reconhecendo suas limitações, sabendo que sendo humano como qualquer outro homem, está sujeito as sensibilidade humana. Para mim, toda a qualificação, especialização, atividade, que o padre exercer ou fazer, deve ajudá-lo a melhorar seu ministério. O perigo é quando o padre exerce outra atividade que não contribui, não traz qualidade para seu ministério.

Durante a confissão, o padre assim como Jesus, deve resgatar a identidade pessoal, e depois situar a pessoa na sociedade: fazendo-a descobrir valores, sentido a vida.

Diante dos escândalos que fere a Igreja e fere também o coração do vocacionado, temos que pensarmos na coerência de vida, de ministério. De sermos autêntico, comportando-se de acordo com os valores do Evangelho. Temos que beber da fonte da vida de muitos santos e santas que mostram que é possível viver o Evangelho e testemunhar a Palavra.

O Iluminismo

Época de grandes contrastes sociais, políticos, econômicos e religiosos. Esse período marca profundamente os rumos da história. Nota-se que, muitos fatos históricos marcantes não se podem ser denominados como males do século, pois muitos acontecimentos foram à culminância de fatos passados.

Desde o século XIII, João Huss (1369- 1415) que foi condenado pela Inquisição Romana, defendia a separação entre Igreja e Estado, além da liberdade de opinião. O que só foi ocorrer durante o Iluminismo, mesmo assim os conservadores tentaram de tudo para manter a ordem. Esse período mudou completamente o modo de pensar do mundo. A autonomia do indivíduo como ponto de partida para a determinação da vontade e do agir do homem. O Iluminismo exerceu influência maior nos paises protestantes. Na Inglaterra, filósofos como Locke e Hume que são empiristas defendiam a liberdade de expressão para o estabelecimento das ideias iluministas.

A burguesia entrou no seu auge, uma grande conquista contra o sistema feudal foi sua substituição pelo capitalismo. A ciência no século das luzes foi privilegiada pelas defesas dos iluministas, que viam nela o progresso e o desenvolvimento, transformando-a em um mito do cientificismo, pois, a partir de então as respostas seriam buscadas na ciência que se tornou a fonte da verdade e do conhecimento. Desta vez, a ciência se afasta da metafísica por completo, não somente das questões metafísicas, mas de todo dogmatismo, que contém verdades inquestionáveis pelo ser humano.

O Iluminismo foi originado na Europa, especialmente na França, do século XVIII. Seus principais representantes foram: Voltaire, Diderot, D’Alembert, Helvetius, Holbach e Rousseau. Em termos gerais, era a linha filosófica caracterizada pelo empenho em estender a crítica e o guia da razão a todos os campos da experiência humana. Possuía uma confiança decidida na racionalidade humana e propunha um despreconceitoso uso crítico da razão, voltado para a libertação em relação aos dogmas metafísicos, aos preconceitos morais, as superstições religiosas, as relações desumanas e as tiranias políticas. Enxergava na tradição uma força hostil que mantinha viva crenças e preconceitos, por isso, colocam não mais a tradição e sim a razão como fonte da verdade.

Os pensadores iluministas tinham em comum a defesa da pessoa humana e dos direitos básicos: a vida, a justiça e a liberdade. Combateram as tiranias dos governantes absolutistas.

Rejeitaram ardorosamente as teses que pretendiam justificar as arbitrariedades absolutistas, afirmando que, o poder real emanava da vontade divina. As explicações de Thomas Hobbes (1588 - 1679) e Jacques Bossuet, teóricos do absolutismo, eram, para os iluministas, absurdas e contrárias à razão. Ressoando dentro dos palácios, os pensamentos iluministas acabaram influenciando alguns monarcas da época. Trata-se dos déspotas esclarecidos que buscavam conciliar o seu poder absoluto com uma ação democrática de governo. Entre os principais déspotas esclarecidos estão: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; José II, da Áustria e Marquês de Pombal, em Portugal.

Alceu Pazzinatto (2002) descreve que Kant viu de perto a revolução francesa e acompanhou seus idealizadores. Até 1787, o dever de todo francês era ser católico, até os menos piedosos. A revolução criou o processo de secularização: destruição de templos, execução de padres que se revoltava contra o movimento além da confiscação dos bens dos mosteiros e paróquias. A partir daí, o clero tinha de obedecer ao Estado.

Houve uma tentativa de criar uma Igreja Constitucional Francesa, porém a crise entre o Império e o papado não se firmou, sendo fechado um acordo entre eles depois de muitas negociações. Robespierre, um dos idealizadores mais convictos, se tornou o grão-sacerdote do culto deísta da razão no ano de 1794. Em 1793, houve uma mudança do calendário cristão por um calendário republicano. A revolução tinha como um dos objetivos a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Proclamação da República em 22 de setembro de 1792.

Considera-se a revolução francesa de 14 de julho de 1789, o acontecimento político-social mais espetacular e significativo da história contemporânea. Foi o maior levante de massas até então conhecido, que marcou o encerramento da sociedade feudal e abriu o caminho para a modernidade. Inaugurou-se uma nova era, um período em que não se aceitaria mais a dominação da nobreza, nem um sistema de privilégios baseado nos critérios de castas (divisão da sociedade determinados pelo nascimento, em nobres, plebeus e pessoas comuns). Só se admitia desde então um governo que, legitimado constitucionalmente, fosse submetido ao controle do povo por meio de eleições periódicas.

O lema da revolução, Liberdade, Igualdade, Fraternidade universalizou-se, tornando-se no transcorrer do século seguinte uma bandeira da humanidade inteira.

Uma experiência de amor com o Pai

Venho de uma família simples e tradicionalmente católica. Meus familiares sempre foram ativos nas pastorais. Meu pai era catequista e coordenador da comunidade. Ensinaram-me os princípios e valores que foram fundamentais na formação do meu caráter e de minha identidade. Rezávamos o terço em família. Sempre tínhamos conselhos de que era necessário ter tempo para Deus, “pois, a Deus pertence o tempo, a vida”. Isso me ajudou a criar uma intimidade com o Senhor e a ter gosto para rezar.

O gesto de pedir benção era sagrado, ao acordar, dormir, sair e chegar, com pessoas idosas e visitantes. Hoje valorizo como foi bom aprender acolher as pessoas, pois, meus pais sempre prezavam a acolhida. Tinham um sorriso bonito sempre quando chegava alguém. Atenção e carinho manifestavam a todos. Serenidade e simplicidade no olhar, no falar, de estar com as pessoas.

Uma frase bonita que sempre expressava era “Deus quer o nosso bem!”. O homem procura o mal. Deus não pensa maldade para o ser humano. Nós precisamos também de não desejar maldade para o próximo, uma vez que somos chamados filhos de Deus. Por isso, não gostavam que eu e meus irmãos falássemos mal ou guardássemos raiva dos outros, e os xingamentos. Meus pais não gostavam falar de inferno, de castigos divinos, de falar mal dos outros, pois segundo eles o amor de Deus é infinito. Sempre tinham uma palavra de misericórdia. “O perdão é a atitude de Deus, pois, nos perdoa sem limites, Deus não olha o tamanho e a quantidade de nossos pecados, porém, a nossa humildade diante Dele”. Minha avó dizia que tudo que fizermos seja para o amor de Deus, nunca para a desgraça.

Quando íamos para a escola, levávamos alguma merenda, e sempre nos recomendava para compartilhar e partilhar o que tínhamos com os outros, de oferecer ajuda a alguém que necessitava. Meus pais aconselhavam sobre aquilo que era certo de se fazer, tendo um bom comportamento.

Desde criança gostava muito de participar dos encontros de grupos de reflexão de minha comunidade. Isto fez crescer em mim a vontade de conhecer a bíblia, a ter gosto de leitura pela Sagrada Escritura.

Fui coroinha durante cinco anos na matriz da paróquia de Entre Folhas. Foi nessa ocasião em 1996, que manifestei ao padre Paulo Mendes Peixoto, o meu desejo de ser padre. Era bonito ouvir suas palavras fraternas, ele tinha um jeito sereno de comunicar e celebrar.

Vou descrever um fato que me fez compreender o amor e a misericórdia do Pai na mais profunda angústia do ser humano: a morte. Quando não compreendemos a morte e principalmente a ressurreição, a nossa vida perde o sentido. O desejo do ser humano é viver para sempre, dessa forma, a morte torna-se um obstáculo.

Em 1992 meu pai, faleceu vítima de câncer intestinal. Diante da morte sentia um vazio existencial e um sentimento de perda. A idéia da ressurreição não estava bem estruturada interiormente. Nem meus familiares e catequistas sabiam falar bem de ressurreição. Estava com sete anos, meu irmão caçula estava com três meses de vida. Por um longo tempo perguntei onde Deus estava naquele momento.

Hoje compreendo a bela canção que meu pai morreu cantando “segura na mão de Deus e vai”... Um sorriso bonito e uma serenidade facial manifestava a presença de Deus. Deus estava presente, foi por isto, que meu pai cantou em louvor e agradecimento e de entrega ao Pai Criador e misericordioso.

Humanamente falando é difícil compreender o mistério da morte. Do mesmo modo, humanamente falando é uma ALEGRIA compreender o mistério da RESSURREIÇÃO.

Acredito que nós cristãos precisamos ter uma idéia clara da ressurreição. A imagem do Cristo sofredor está enraizada na mente de muitas pessoas. Isto justifica a presença do povo durante a quaresma. Penso que, toda a caminhada quaresmal deve voltar-se, dirigir-se a Ressurreição, ao Tempo Pascal. Os apóstolos tinham ficado tristes e desanimados com a morte de Cristo na cruz. Mas se fortaleceram se animaram e alegraram a partir de quando viram, contemplaram a glória de Jesus Ressuscitado.

O amor, a alegria, é a ressonância da ressurreição em nós. Somos um ser não para a morte, mas para a Ressurreição. Acredito que, o cristão, sendo seguidor fiel, um discípulo-missionário apaixonado, é um ser para a eternidade, e essa eternidade com Deus, em Deus. E essa foi a experiência de encontro com Deus a partir da morte de meu pai, em que por algum tempo não consegui compreender.

A nossa vida deve ser inteiramente dedicada ao Senhor. É viver em Deus, com Deus e para Deus. Esse é o chamado do Pai a vida. De estar em comunhão, intimidade, sempre com Ele, assim como Jesus, “Eu e o Pai somos um”. Essa frase expressa uma profunda comunhão entre o Pai e o Filho, que nós cristãos somos chamados a também viver em comunhão com Deus. O Pai caminha conosco, participando da nossa história.

Uma das coisas mais bonitas que eu sinto de nosso Pai, é que não interfere em nossas escolhas. O Pai nos dá a plena liberdade para escolher segui-lo. Não nos obriga a cumprir sua vontade. Muitas pessoas têm uma imagem falsa de Deus, justamente por que não fez a experiência do amor de Deus. A liberdade humana não limita o poder de Deus. O Pai nos ama sem limites e oferece-nos como presente a vida. A liberdade é fruto de seu amor por nós, pela humanidade.

Essa é a minha experiência de amor com o Pai. Um relacionamento que ao longo do tempo cresceu em intimidade, confiança, fé, amor e compromisso. Valorizo muito a experiência de meus pais, pois mesmo sem ter conhecimentos teológicos, tem uma vivencia de amor e fé, que revela a presença de Deus em nosso lar e em seus corações. Se não fosse o testemunho de fé cristã deles, talvez eu também não tivesse a oportunidade de experimentar o amor de Deus. Meus pais ensinaram-me amar, amando com testemunho de fé. Um amor de gesto concreto de caridade cristã, de comunhão com Deus e com os irmãos.

A cada dia faço essa experiência do amor de Deus no meio de nós, buscando viver em comunhão com Ele, seja na oração, na Eucaristia, na leitura orante da Palavra, e na partilha de vida com os irmãos.

A espiritualidade pascal

Elias Garcia de Moraes

Paróquia N.S. do Rosário de Entre Folhas

1° ano de Teologia

Toda a caminhada quaresmal deve voltar-se para a Vigília pascal. Isto significa dizer que todas as reflexões e práticas quaresmais (jejum, esmola e oração) deve dirigir-se a pessoa de Jesus Ressuscitado.

No ano litúrgico que vivemos e celebramos há uma ressonância desde o nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus. Celebramos os mistérios de Cristo, que vai nos revelando todo seu amor e misericórdia. Santo Irineu afirmava que “o Filho de Deus se fez homem para que o homem se torne Filho de Deus”.

Quaresma é um período de quarenta dias, durante os quais os cristãos se preparam para a celebração da páscoa. Lembra os 40 dias que Jesus passou no deserto, orando e jejuando, antes do início de seu ministério público. Remete também os 40 anos do Êxodo e os 40 dias percorridos pelo profeta Elias até chegar ao monte Horeb. Começa na quarta-feira de cinzas culminando no Tríduo Pascal.

Os cristãos são chamados a celebrar e vivenciar a Semana Santa, principalmente, o Tríduo Pascal, em clima de oração pessoal, comunhão fraterna e eclesial. Com a Missa da Ceia do Senhor, iniciamos o Tríduo Pascal. Celebramos a instituição da eucaristia, do sacerdócio e do mandamento amor. A eucaristia é o sacramento do amor. O gesto do lava-pés é um gesto de humildade, de serviço e de amor. O serviço é a própria realidade concreta do amor. Só é capaz de servir, quem ama! A missão do cristão é amar! Simplesmente amar. Manifestando por gestos, palavras e atitudes a presença do Cristo em nós e entre nós.

A sexta-feira é dia de silêncio. A salvação e a redenção são dons que o homem só pode acolher e agradecer. Deus usa a misericórdia para libertar o ser humano do pecado. Deus usa a misericórdia para renovar o ser humano. O perdão renova o coração do homem. Na cruz Jesus renova totalmente o ser humano. Na cruz Jesus sela definitivamente a aliança entre Deus e o homem. Por isso, para o cristão a cruz é sinal de vitória, pois, Jesus venceu a morte.

Muitos daqueles que o condenaram, pensavam que matando Jesus silenciaria sua voz. Ninguém mais ouviria falar de Jesus. Os apóstolos ficaram tristes, desanimados, com a morte do mestre do amor, na cruz. Porem, três dias depois Jesus ressuscita. A ressurreição de Jesus testemunha que a vida tem sentido quando o amor é vivido até as ultimas consequências. Ele está no meio de nós, caminha conosco, age e participa de nossas vidas.

Este anúncio é o centro da fé cristã: Alegrem-se, Jesus ressuscitou! Aquele mesmo Jesus que morreu, foi crucificado, venceu a morte, comunica-nos a sua alegria e sua vida. A passagem da morte para a vida, da tristeza para a alegria é a ressonância da Ressurreição em nós.

Os apóstolos se alegraram, se animaram, fortaleceram sua fé, com a ressurreição de Jesus. A partir daí começaram a evangelizar e anunciar o Jesus Ressuscitado. E esta é a missão da Igreja e de todos os cristãos, testemunhar a nova criação que Deus iniciou no mundo em Jesus. Por isso, cada domingo os cristãos se reúnem para celebrar a páscoa, cumprindo pedido de Jesus: “façam isto em memória de mim”. Assim sendo, que todos os cristãos possam fazer a experiência de Jesus Ressuscitado. Aleluia.

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