segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A diferença entre evangelização e catequese


A compreensão da catequese ao longo da história passou por uma evolução de mentalidades, que é fruto de um processo cultural e religioso. Há mais de 2000 anos de história cristã e não conseguimos colocar em prática os conselhos evangélicos.

Não se muda uma cultura por um decreto. É todo um processo de conscientização e de humanização. O ser humano está sempre em um processo de construção, que deve ser respeitado suas fases de crescimento não apenas físico, mas moral.

Muitos interpretaram e interpretam a catequese sendo uma doutrinação, seguindo os métodos escolares: aulas, presença, tarefas, decoras questões.

Evangelização vai além de transmitir doutrina, de um “catecismo escolar”. Evangelizar é despertar, motivar ao catequizando uma experiência de amor com Deus. O bom catequista provoca aos seus catequizando um encontro pessoal com Deus, pois sua vida é testemunho, caso contrário, será um empecilho e pode prejudicar a experiência dos outros.

Penso que a pessoa que tem uma relação amorosa com Deus expressa em palavras, gestos e atitudes automaticamente nos relacionamentos com os irmãos. Somos interpelados para uma resposta autêntica de fé: quem é Jesus para nós hoje? Somente daremos uma resposta sincera a partir da experiência que fazemos da nossa fé. O mesmo Jesus que transformou a vida de Pedro, André, Marta e outros (as) pode também transformar nossa vida.

A grande temática da reforma protestante do século XVI tinha como base as divergências doutrinárias, sobretudo as questões das indulgências. Os grandes historiadores afirmam que no início Lutero não desejava separar-se da Igreja, mas tinha pretensão de uma nova posição da Igreja diante da questão da indulgência, de certo modo era a compra da salvação (venda de um lugar no céu).

Desse modo, fazia pregações sobre os castigos divinos e outros, que ficou conhecida com teologia do medo. A posição luterana era de que a salvação era um dom gratuito de Deus ao homem.

Ainda hoje deparamos com situações semelhantes ao modo do catecismo antigo, baseado na teologia do medo, que elabora uma falsa imagem de Deus, de um Deus punidor, vingativo, adversário do homem. Porém percebe-se uma evolução no pensamento eclesial a partir do Concilio Vaticano II, definindo a Igreja como povo de Deus.

O testemunho de vida é a melhor forma de evangelização. Todo cristão apaixonado por Jesus deseja levá-lo aos outros. Todos cristãos entusiasmado pela causa do Reino, anunciado por Jesus deseja construí-lo neste mundo.

Diálogo inter religioso


O ecumenismo é definido sendo esforço das igrejas cristãs a unidade perdida, que ao longo do tempo solapou a unidade cristã. Admitir o ecumenismo hoje é respeitar as diferenças. A unidade constitui a essência dos cristãos. Somos cristãos em comunidade, é na relação com outro que manifestamos nossa comunhão com Deus.

O diálogo inter religioso vai além do ecumenismo, pois é uma tentativa de uma abertura e diálogo com as demais religiões. O diálogo só poderá existir a partir de quando nos colocarmos em base de igualdade perante o outro, criando um laço de fraternidade.

De fato, o cristianismo tem um caráter interpessoal, pois nos provoca a dimensão humana afetiva. É uma angústia profunda saber que a mensagem evangélica do amor, fraternidade e de paz anunciada por Jesus não é vivenciada integralmente por nós cristãos.

É necessário, uma mudança de mentalidade e sair do indiferentismo para uma visão múltipla de um novo mundo que podemos construir com respeito mútuo acolhida ao próximo (seja ele quem for). O preconceito impede o relacionamento com o diferente, com o outro. O diálogo remove esses preconceitos.

Durante muito tempo da história a Igreja deu ênfase na expressão “fora da igreja não há salvação”. O grande desejo por parte da Igreja era o retorno dos irmãos separados cismáticos a Igreja verdadeira.

O Deus revelado por Jesus é um Deus amoroso e misericordioso, que se revela em todos e oferece a salvação a todos. Os cristãos de hoje são mais abertos do que no passado, porque mais pessoas reconhecem o pluralismo religioso como parte da condição histórica da existência humana. Não se pode confundir unidade com uniformidade (ser todos iguais, pensar igual). A pluralidade não impede a unidade.

Uma atitude exclusivista é identificada por cristãos evangélicos conservadores que lêem os textos bíblicos de maneira fundamentalista. Roger Haight afirma que o Deus dos cristãos não é concebido como um Deus local, tribal, exclusivo deles próprios.

Nunca em toda a história as religiões se viram tão próximas uma das outras, devendo se reconhecer e se respeitarem. Isto se deve ao avanço tecno-científico que possibilita uma interação e conhecimento pelos meios de comunicação social, inclusive a internet. A

A colaboração da religião pela paz pela justiça implica pela dignidade humana. Toda a religião tem algo a dizer para o mundo e poderiam ser instrumento de paz, especialmente para este mundo tão violento.

Não podemos mais aceitar diante dos desafios da pós- modernidade, com seus desafios permanecermos inertes e presos a legalismos a impossibilitar a criação de uma cultura de respeito pelas diferenças, cujo objetivo único seja vida e paz.

Há uma tendência de equiparar todas as religiões do planeta, porém o que se deve levar em conta são características próprias de cada religião, sendo respeitadas e valorizadas, sem perder a identidade de cada religião. Dialogo inter religioso é olhar-se com olhar do outro.

A compreensão cristã do milagre


Há diferentes interpretações sobre o milagre. Muitos analisam sendo um fato prodigioso, descido do céu, uma intervenção divina nas situações humanas e nas leis da natureza.

Com base na reflexão bíblica cresce a compreensão para a função religiosa de sinal do milagre. No evangelho de São João, aparece uma serie de ações concretas que o autor considera como sinais: relato de cana, a cura do filho do oficial real e a do paralitico. Em geral todos esses fatos são também considerados como milagres.

A ciência hoje explica o que antes não se explicava. A ciência afirma que milagre e o que não tem uma explicação natural e que é cientificamente insolúvel.

O termo milagre provem de miraculum, isto é, algo de admirável, que causa admiração. Milagre é aquele fato ou realidade, adimiraveis em que o homem percebe a presença de Deus que se revela. Na bíblia milagre pode ser fatos comuns ( por do sol, beleza da natureza) ou fatos incomuns ( curas, revivificação de um cadáver). As palavras mais usadas na bíblia para expressar aquilo que chamamos de milagre são: sinal, força, coisa admirável.

A característica essencial é revelar a presença de Deus: uma força que atua provocando uma coisa admirável, por isto se torna um sinal de Deus. a reflexão bíblica considera o milagre como uma palavra que Deus fala ao homem afim de comunicar algo. Nessa mesma pespectiva, a bíblia vê os sinais de Deus na vida cotidiana, nas coisas comuns da existência e a historia do passado.

Carlos mesters considera que o milagre bíblico é visto de forma bilateral: de lado supõe a atuação de Deus, de outro o olhar de fé do homem. Diante do milagre não é importante perguntar se é verdade, mas qual a mensagem que Deus quer transmitir. Os milagres realizados na bíblia não é magia, superstição, pois também havia deuses milagreiros entre os pagãos. Para ter fé não é preciso evidentemente de milagrismos, a fé não corresponde com princípios de que é necessário milagres para crer. O caminho mais seguro para fé não são prodígios, mas um encontro pessoal com Jesus.

As expressões usadas nos evangelhos para definir as obras realizadas por Jesus são: dynamis (ato de poder) ergom (obra) e semeiom (sinal). Os milagres de Jesus foram vistos pela comunidade primitiva como expressão do amor de Deus e não tanto para exaltar a sua pessoa. Jesus não faz por fazer, ou para satisfazer as curiosidades humanas, nem para se auto promover. Jesus nega a Herodes que desejava ver milagres (Lc, 32, 8) no deserto a pedido do demonio (Lc, 4. 3-12).

A maioria da multidão que procurava e acompanhava Jesus desejava os milagres para crer, mas Jesus conhecendo seus corações não executa ações que levassem o povo a admirá-lo por causa dos fatos (fora de comum) realizados (Jo, 6, 26). Assim Jesus não faz nenhum milagre em Nazaré por causa da falta de fé.

Jesus comunica através dos sinais a mensagem da presença amorosa de Deus no meio do povo. È engano ficar somente na dependência do milagre e dispensar a nossa atividade. O critério evangélico é mudança de vida, de criar uma intimidade com Deus que se revela em Jesus sendo um Pai amoroso. Cada um deve perceber em sua vida a presença de Deus de maneira particular.

Albert Einstein afirma que há duas maneiras de viver a vida, primeiro não acreditar que não existe milagre, a segunda é acreditar que tudo é milagre. De fato, a vida é um milagre. Os sinais não provem de poder mágico e divino. Os milagres fazem parte de uma doação de amor livre e espontâneo de Deus ao homem.

Nada melhor que a própria Sagrada Escritura para nos mostrar o verdadeiro sentido do milagre. Em nossos dias

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